Debate discute intimidação judicial e física contra a imprensa
Jornalistas enfrentam desafios para noticiar em meio à guerra política e as "fake news"
Nesta 3ª feira (9.ago), nos Ciclos de Debate de Justiça e Liberdade de Imprensa, na Escola Paulista da Magistratura com apoio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, do Instituto Palavra Aberta e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, afirmou que "não há no Brasil nenhuma pessoa, nenhuma instituição que possa atentar contra a democracia", disse.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O âncora do jornal SBT Brasil, Marcelo Torres, mediou o debate. Na abertura, falou sobre a dificuldade que os veículos vêm enfrentando e da propagação cada vez maior de informações falsas.
"No Brasil, no ano passado houve 140 denúncias de censura contra a imprensa. Dessas 140, 138 foram censuras à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Uma agência sustentada com impostos, com o dever de informar o cidadão e onde os jornalistas foram impedidos de publicar reportagens, de expor os fatos de interesse do público brasileiro por causa de censura interna uma vez que é controlada pelo governo federal", relatou a jornalista Sonia Bridi, mencionando um relatório da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
O professor de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, Eugênio Bucci, relembra um tipo de agressão contra a imprensa. "Eu me somo a defesa da imprensa, acho gravíssimo o uso do aparato judicial para perseguir jornalistas, nós temos encontrado isso. Uma figura que podemos chamar de assédio judicial", comentou.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tem convênio com a Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB) para estudar casos de assédio judicial contra a imprensa. "Existe esse assédio de realizar várias ações, em lugares diferentes para o jornalista ter de se deslocar. Existe o assédio judicial que tem a ver com o poder econômico. A gente tem alguns empresários hoje no Brasil que estão protocolando dezenas de ações contra jornalistas, se aproveitando das condições favoráveis econômicas para exercer uma pressão. E existe o assédio judicial que é aquele que pode ser de uma ação só, mas ela é, claramente, uma forma de intimidação", comentou Katia Brembattim vice-presidente da Abraji.