MP denuncia vereador de São Paulo por injúria racial e ameaça
Promotor pede a cassação do mandato de Camilo Cristófaro, que já é alvo de processo na Câmara Municipal
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) passou a -- oficialmente -- defender a cassação do mandato do vereador paulistano Camilo Cristófaro (Avante). Nesta semana, o órgão denunciou o político à Justiça pelos crimes de injúria racial e ameaça.
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De acordo com o MPSP, a auxiliar de enfermagem Dilza Maria Pereira foi ofendida pelo vereador. "Negra safada" e "ladra" teriam sido algumas das palavras ditas por Cristófaro. Com isso, o órgão defende, além da perda do mandato, o pagamento de multa -- que terá valor definido em caso de condenação.
No Ministério Público, a denúncia contra Cristófaro foi apresentada pelo promotor Bruno Orsini Simonetti, do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi). Para ele, o desenrolar da história tornou o caso "ainda mais grave".
"As injúrias racistas e a ameaça levaram a vítima, amedrontada, a fugir do local", afirmou o promotor, em trecho da denúncia, ao se referir ao trabalho que Dilza Maria deixou de realizar em uma associação de reciclagem na zona central da capital paulista. "As condutas típicas foram praticadas na presença de, ao menos, sete pessoas que frequentavam a associação, tornando o dano à honra subjetiva da vítima ainda mais grave", prosseguiu Orsini Simonetti.
Agora nas mãos do Poder Judiciário, o imbróglio envolvendo o vereador e a auxiliar de enfermagem teve início em maio de 2020. Na ocasião, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, Cristófaro foi à sede da Associação dos Recicladores do Parque do Gato, no bairro do Bom Retiro. Por lá, conforme consta em boletim de ocorrência registrado por Dilza Maria, ele teria protagonizado ameaças e insultos. "Safada", "traficante", "bandida", "golpista" e "oportunista" -- além de "negra safada" e "ladra" -- teriam sido as palavras ditas pelo político.
Até o momento, Cristófaro não se manifestou a respeito da denúncia por ameaça e injúria racial protocolada pelo MP-SP.
Vereador com problema na Câmara
A denúncia do Ministério Público não representa o primeiro problema ligado a questões raciais enfrentado por Camilo Cristófaro. Em sessão realizada em 24 de maio, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou por unanimidade a abertura do processo de cassação contra o vereador, que dias antes havia sido flagrado dizendo, em uma comissão da Casa, que "não lavaram a calçada; é coisa de preto, né?".
Depois da divulgação da frase de cunho racista, Camilo Cristófaro foi expulso do PSB e, com isso, filiou-se ao nanico Avante. O vereador também não se posicionou publicamente a respeito do processo que responde na Câmara Municipal paulistana.