Varíola dos macacos e hepatite "misteriosa": entenda as novas doenças
Não há casos confirmados da varíola no Brasil, mas nova hepatite tem atingido, sobretudo, crianças
O Ministério da Saúde criou, no mês de maio, duas salas de situação para monitorar casos de novas doenças que podem apresentar risco à população brasileira. Uma delas é a varíola dos macacos, infecção viral ainda pouco conhecida e de maior incidência na África. A outra é a hepatite "misteriosa", assim chamada por causa de sua origem desconhecida, que tem atingido, sobretudo, crianças e adolescentes.
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Apesar de ainda não haver casos confirmados no Brasil, na 6ª feira (27.mai), a Pasta tornou obrigatória a notificação de casos suspeitos de varíola dos macacos no país em até 24h. A determinação vale tanto para o Sistema Único de Saúde (SUS), quanto para a rede privada.
A varíola dos macacos é uma doença viral silvestre com infecções humanas acidentais. Os sintomas iniciais são semelhantes a uma gripe, com febre, exaustão e dor de cabeça. Os infectados também apresentam erupções na pele, rosto e corpo, que podem evoluir até darem origem a úlceras cutâneas.
"A varíola dos macacos, em geral, passava dos animais para as pessoas. Porém, após um salto evolutivo do vírus, ela ganhou essa capacidade de passar entre seres humanos e vêm aumentando cada vez mais os casos em diversos países da Europa, saindo da área endêmica do continente africano", explica o infectologista Hemerson Luz.
A doença tem transmissibilidade moderada entre humanos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são cerca de 380 casos registrados em todo o mundo, e 76 casos ainda aguardam confirmação. Na Argentina, foram feitos os primeiros diagnósticos da América Latina.
"É necessário manter a vigilância epidemiológica e observar como é o comportamento mundial. Ao que tudo indica, não há risco de ocorrer uma pandemia causada pela doença. Porém, todos os cuidados são necessários e o monitoramento constante deve ser feito para isolar os pacientes suspeitos", recomenda o médico.
A varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com secreções, feridas ou objetos que foram manipulados pelo doente, ou ainda por gotículas expelidas quando a pessoa infectada fala ou tosse. A letalidade, porém, é observada em poucos casos.
Apesar do rápido crescimento de infecções, a OMS não aconselha a vacinação em massa, sugerindo, por hora, a aplicação em apenas grupos específicos - profissionais de saúde e idosos. A vacina contra a varíola humana é eficiente para conter os casos, além de outras medidas necessárias como a detecção precoce, isolamento de casos e rastreamento de contatos.
Hepatite "misteriosa"
Um novo tipo de hepatite, que acomete principalmente crianças e adolescentes, tem sido apelidada assim por causa de sua origem desconhecida. A doença se apresenta clinicamente como qualquer outra hepatite, que é uma inflamação no fígado: cor amarelada na pele ou nos olhos, diarréia, dor abdominal e vômitos. Muito severa, a doença não tem relação direta com os vírus conhecidos da hepatite.
"A diferença é que todos os exames para as causas conhecidas das hepatites são feitos e não dá positivo para nada. O quadro em si é muito parecido, só não se sabe a causa. Como essa doença veio durante uma pandemia, não é uma hepatite que já foi descrita antes, e há inclusive suspeitas de que esteja relacionada à covid-19", explica o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Estevão Urbano.
O Ministério da Saúde monitora ao menos 28 casos suspeitos da hepatite de origem desconhecida no Brasil. Segundo a OMS, o surto começou no Reino Unido e mais de 300 casos já foram reportados no mundo. A doença atinge principalmente crianças de um mês a 16 anos.
A principal suspeita da entidade é de uma infecção por um tipo de adenovírus, que normalmente causa resfriados. A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido investiga ainda uma possível sequela do novo coronavírus ou sintomas de uma nova variante da doença.
"Temos que nos proteger dessas possíveis causas usando máscara e higienizando as mãos. Medidas que seriam, nesse momento, a única chance de evitar 100% a possibilidade do desenvolvimento da hepatite, caso realmente se confirmem essas teorias", ressalta o médico.