Lula defende o direito ao aborto para "todo mundo" e critica classe média
Segundo ex-presidente, aborto "deveria ser transformado numa questão de saúde pública"
Em encontro com ex-integrantes do Parlamento Europeu, na 3ª feira (5.abr), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o direito ao aborto para "todo mundo", além de um limite para o consumo das pessoas, e criticou a classe média brasileira, a elite do país e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Sobre o primeiro tema, Lula disse que "aqui no Brasil, por exemplo, as mulheres pobres morrem tentando fazer aborto porque é proibido, o aborto é ilegal". Na sequência, falou ter conhecido um caso em que uma mulher tentava abortar utilizando fuligem do fogão a lenha, em Jaguaquara (BA), e pontuou: "a madame ela pode fazer um aborto em Paris, ela pode escolher Paris, ela pode escolher Berlim, ir para Berlim procurar uma boa clínica e fazer um aborto. Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha. 'Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter o meu filho. Vou discutir com o meu parceiro, eu não quero'".
Já a defesa de Lula por um limite ao consumo veio quando criticava a classe média. "Nós temos uma classe média que ela é muito, ela ostenta um padrão de vida que nenhum lugar do mundo a classe média ostenta. Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida que não tem na Europa, que não tem em muitos lugares, as pessoas são mais humildes. Aqui na América Latina, a chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário", afirmou.
Na sequência, disse ser "uma pena que a gente não nasce e a gente não tem uma aula: o que que é necessário para sobreviver?". "Tem um limite que pode me contentar como um ser humano. Eu quero uma casa, eu quero casar, eu quero ter um carro, eu quero ter uma televisão, não precisa ter uma em cada sala. Uma televisão já está boa. Eu quero um computador, eu quero um celular, ou seja, na medida que você não impõe limite, você faz com que as pessoas comprem um barco de 400 milhões de dólares e comprem um outro para pousar o seu helicóptero".
Sobre a elite brasileira, o petista afirmou que ela é "é escravista". "Eles podem ser avançados em um debate em Nova York, podem ser avançados visitando Paris. Mas aqui no Brasil a mentalidade dela é escravista. E nós temos que ter coragem de dizer isso", completou. Já a crítica a Bolsonaro foi feita quando falava sobre a pauta da famílias e dos valores: "Essa pauta da família, a pauta dos valores é uma coisa muito atrasada, e ela é utilizada por um homem que não tem moral para fazer isso".
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