Grupo aponta mais de 200 casos de censura no setor cultural
Segundo relatório do Movimento pela Liberdade de Expressão Artística, foram 70 casos só no ano passado
Relatório do Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artística (Mobile) aponta que setor da cultura teve mais de 200 casos considerados como censura, autoritarismo, ataques a artistas e desmontes nos últimos seis anos. Segundo o documento, 72% das violações foram promovidas pelo governo federal, com crescimento no mandato de Jair Bolsonaro (PL).
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Até fevereiro, foram 211 casos contabilizados pelo Mapa da Censura, desenvolvido pelo Mobile. Deles, 192 (91%) teriam partido do Poder Executivo. O Judiciário aparece em seguida, com 13 ocorrências (6,16%). A gestão federal foi seguida por instâncias no nível estadual, com 16,59% dos registros, e municipal (10,43%). Entre os setores mais afetados estão artes plásticas (16,75%), audiovisual (15,79%), música (11%), memória e patrimônio (10,53%) e teatro (8,61%).
Entre 2016 e 2018 foram mapeados 16 casos. Em 2019, o número saltou para 69, caindo em 2020, para 45. Em 2021, no entanto, subiu novamente, contabilizando 70 ocorrências.
"Os dados mostram uma concentração amplamente majoritária da participação do governo federal nas violações analisadas, tanto na administração direta como na indireta, como Iphan e a Fundação Palmares", afirmou Guilherme Varella, ligado ao Mobile. Ele acrescenta, destacando que "boa parte dessa agenda é convocada, acionada e disseminada por ações que não estão no poder formal, e sim em discursos de ameaça, ataques e intimidações, criando uma atmosfera bélica contra a cultura".