Escolas de samba estão confiantes com realização de desfiles em SP

Se em 2021 o cancelamento dos desfiles era algo mais certo, com um possível adiamento para a metade do ano, o possível, porém indefinido carnaval de 2022 bate à porta e, mais que no ano que passou, com tudo praticamente preparado.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Segundo Renato Rodrigues, presidente da Dragões da Real, escola da zona oeste da capital paulista, a agremiação tem "80% do trabalho concluído e muito bem realizado". A agremiação foi a única da elite do carnaval paulistano a alterar o tema para o próximo desfile. Antes, faria uma analogia com a situação de isolamento social pegando carona na música "O Dia em que a Terra Parou", de Raul Seixas, que dava nome ao enredo, sem ser uma homenagem direta.

Do "Maluco Beleza", a Dragões se voltou para o mais paulistano dos sambistas: Adoniran Barbosa. A homenagem, caso os desfiles sejam realizados, será apresentada no primeiro dia de apresentações no sambódromo, em 25 de fevereiro. A escola será a última do dia.

"Não acreditamos no cancelamento do desfile. O sambódromo, que é um lugar onde pode ter um controle [de acesso] igual a estádio, shows e tudo o que vem sendo realizado, a gente não vê problema algum", argumenta "Tomate", como é conhecido o presidente da Dragões, considerando que o cancelamento "seria muito triste para toda a população" em relação a uma suposta piora da situação da pandemia de covid-19. As perspectivas, porém, "são as melhores possíveis", mesmo com "uma insegurança por parte dos componentes até que a prefeitura bata o martelo".

Carnaval com menos alegorias, componentes e, talvez, de máscara

Nos lados da zona norte de São Paulo, a Império de Casa Verde prevê um "carnaval diferente", já que o número de componentes e de carros alegóricos será reduzido: de cinco para quatro alegorias e 1,5 mil desfilantes, ante os 2 mil em anos anteriores. De acordo com o diretor de comunicação da escola, Pedro Migliolli, "mesmo assim, a escola está preparando da mesma forma e intensidade as alegorias e fantasias que serão apresentadas na avenida".

A escola suspendeu todos os eventos e atividades durante a pandemia, retomando gradualmente. Os trabalhos no barracão começaram em setembro, com profissionais de Parintins (AM) e inaugurou uma nova quadra, próxima do barracão e do sambódromo, em novembro. A Império foi uma das últimas a definir o enredo e o samba que levará ao Anhembi: a agremiação fará uma viagem pela história da comunicação e terá o influenciador digital Carlinhos Maia como espécie de "embaixador" do tema. 

As duas escolas, que encerrarão cada dia de apresentações no sambódromo do Anhembi, confiam que os desfiles serão realizados mediante protocolos sanitários em vigor e estão otimistas. Faltando pouco mais de dois meses para a folia, a expectativa "é que todos possam brincar, ter alegria em um desfile tão aguardado após esse período de isolamento", afirma Migliolli.

Considerada a atual situação, de número de casos e mortes por covid-19 em baixa na capital, mas ainda com o uso de máscaras como item de proteção fundamental para frear a disseminação do vírus, há outra expectativa: como os componentes vão desfilar. As máscaras carnavalescas darão lugar ao acessório e vão impactar diretamente no julgamento do quesito harmonia, que avalia o canto dos foliões na avenida. 

O otimismo, misturado ao cuidado que as agremiações procuram demonstrar em ensaios -- já realizados desde meados de novembro, com a liberação de eventos no estado -- ainda aguarda definições oficiais. Se realizados com as atuais regras em vigor, será curioso observar dois enredos ligados à voz -- a música de Adoniran Barbosa e a comunicação -- sem seu principal meio de propagação a todo vapor. Mascarados, no melhor sentido da palavra, por uma boa causa.