Consultores recebem novas demandas com transformação digital de empresas

Num cenário em que a digitalização avança no ambiente empresarial, processo que foi acelerado na pandemia, quem trabalha com consultoria e auditoria precisa estar preparado para, cada vez mais, apresentar soluções a problemas de segurança on-line e outros relacionados à transição dos processos físicos para formatos mais modernos. A PwC Brasil, que atua no setor, assim como nas áreas de auditoria e assessoria tributária, notou um aumento "muito grande" na demanda por tecnologia nos últimos meses, de acordo com Marco Castro, sócio-presidente e CEO da companhia.

"Tinham empresas que não possuíam a menor experiência, grandes bancos no Brasil em que os funcionários trabalhavam todo tempo nas suas instalações. Da noite para o dia, eu me lembro de um caso que precisou instalar mais de 40 mil VPN's [redes privadas virtuais], sem experiência alguma no passado de trabalhar no modo remoto. Acho que a partir de agora, o que aconteceu, as empresas viram a vantagem de flexibilizar o horário das suas equipes", pontua Castro.

A própria PwC Brasil passou a adotar uma política mais flexível em relação à presença dos colaboradores nas instalações, mesmo com a possibilidade agora, em que o período mais crítico da pandemia passou, de realizar quantidade superior de trabalhos presencialmente. A empresa prevê um aumento na ida dos colaboradores à empresa a partir de janeiro de 2022. Porém, está trabalhando em um esquema rotativo, em que todos ficarão no máximo dois ou três dias no escritório.

Confira a íntegra da entrevista:

SBT News: Como a PwC Brasil enfrentou o momento difícil da pandemia? 

Marco Castro: O que aconteceu na PWC se replicou em várias empresas. Teve o primeiro momento inicial que foi de susto, incerteza, de muita insegurança, sem saber o que aconteceria, vários projetos que estavam em evolução foram paralisados com o tempo. Eu me lembro exatamente que 20 de março de 2020 foi o último dia que o nosso escritório operou com todo mundo dentro. A gente suspendeu as operações físicas a partir da semana seguinte e aí, ao poucos, a gente foi adaptando. A gente sempre trabalhou com 90% das pessoas nas instalações dos clientes então as pessoas sempre foram muito móveis, sempre acessando remotamente, nunca iam para o escritório o tempo todo então isso facilitou um pouco esse momento de home-office que foi feito na época. Já tinha política na nossa firma de flexibilidade no trabalho, o que fez com que as pessoas começassem, pelo menos, não foi um susto tão grande ter que trabalhar à distância. E aí o que aconteceu de lá pra cá é que, desde então, a gente não retornou fisicamente aos escritórios. A gente continuou com as pessoas trabalhando de casa, alguns clientes nossos começaram a pedir que a gente frequentasse nossas instalações, como eles retornaram, eles pediram também que nossa equipe voltasse para os escritórios e é o que a gente está fazendo agora. O que a gente olha para o futuro e vê é que, provavelmente, a partir de janeiro do ano que vem a gente deve começar a frequentar nossas instalações de forma mais recorrente mas a gente está estabelecendo um plano de rotação que as pessoas ficarão ou dois ou três dias no escritório no máximo. Não tem mais uma política de que todo mundo precisa estar presencialmente a semana inteira. Para as equipes que atendem cliente, isso não é uma mudança dramática porque eles não estão acostumados a estar no mesmo lugar toda hora mas para a nossa área administrativa vai ser uma mudança um pouco diferente. 

SBT News: As demandas dos clientes mudaram ou continuam as mesmas?

Marco Castro: A gente atua na PWC em três grandes áreas: auditoria, consultoria e na área de assessoria tributária. O que a gente tem notado, passado o susto inicial, temos notado uma demanda muito grande de tecnologia, cybersegurança, movimento grande de empresas se preparando para transformações digitais, acelerando suas transformações digitais. Nos serviços mais tradicionais nossos, que é de auditoria e assessoria tributária, as coisas continuam acontecendo da mesma forma. Há uma resiliência muito grande no setor de auditoria, é um serviço obrigatório para muitas das empresas, eles precisam ter o auditor, então, acabou que continuou estável. 

SBT News: Daqui para frente, o que podemos esperar do setor? 

Marco Castro: Tentando trazer para o nosso setor, o que eu acho que vai acontecer é que está todo mundo muito preocupado com a segurança das suas informações, com essa mobilidade toda. Tinham empresas que não tinha a menor experiência, grandes bancos no Brasil em que os funcionários trabalhavam todo tempo nas suas instalações... da noite para o dia, eu me lembro de um caso que precisou instalar mais de 40 mil VPN's, sem experiência alguma no passado de trabalhar no modo remoto. Acho que a partir de agora o que aconteceu, as empresas viram a vantagem de flexibilizar o horário das suas equipes. A gente tem acompanhado pesquisas, não só na PWC mas no mercado em geral de pessoas que querem manter essa flexibilidade, adquiriram algumas coisas que não querem abrir mão mais e as empresas estão se adaptando à isso e tentando achar esses novos modelos. A gente acabou de ver uma pesquisa que foi feita com todos os participantes do evento aqui em que a imensa maioria não imagina que terá um retorno de 100% para suas instalações, imagina que esse ganho que os funcionários tiveram produziu uma equipe mais satisfeita em poder adequar sua agenda, seu horário de trabalho e a preocupação de todo mundo que foi refletida nessa própria pesquisa também é como a gente faz o ambiente de trabalho ser um ambiente de troca de experiência, de contaminação cultural, ambiente de criação e acho que é isso que as empresas estão muito preocupadas e o que vai acontecer nesse futuro. 

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