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Educação é repensada e setor enfrenta novos desafios para os próximos anos

Empresário afirma que ensino passa por transformação e mudanças não estão restritas às aulas remotas

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A pandemia revelou diversos desafios para a área da educação. Professores e alunos foram, praticamente, obrigados a se adequarem à tecnologia para darem seguimento no ensino diante de todas as dificuldades impostas pela crise sanitária. Na opinião de Daniel Castanho, presidente do conselho da Ânima Educação, um dos maiores grupos da educação privada, a pandemia, de certa forma, antecipou o que já precisava ser mudado e a discussão sobre a transformação do ensino vai muito além de pensar em aulas remotas. 

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Daniel considera que o formato da escola está sendo repensado com o uso da tecnologia. "Não é o que a gente viu nesse último ano que é simplesmente a transferência da sala de aula presencial para a sala de aula à distância [...] O que a gente está falando é que o futuro vai ser um ensino híbrido, um ensino permeável, um ensino presencial e à distância e, por outro lado, síncrono e assíncrono", afirma o empresário. 

Desta forma, o presidente do grupo Ânima considera que a educação está passando por grandes mudanças e ressalta diversos desafios que foram impostos ao setor em pouco tempo. "O repensar da educação, reinventar, antecipar tendências. A universidade e a escola tem que ser aquele lugar de conseguir antecipar tendências da sociedade. Para conseguir fazer essas duas coisas, ainda com investimento em tecnologia e capacitação de professor, a educação passou a ser algo muito complexo." Além disso, Daniel afirma que a tecnologia trará mudanças na metodologia, na análise de dados e na criação de comunidade de aprendizagem, apostando em grandes mudanças nos objetivos e métodos de ensino. 

SBT News: A pandemia jogou por terra a separação do ensino presencial e online. Como você acha que vai ser daqui pra frente?

Daniel Castanho: Na verdade, acho que a pandemia trouxe até mais do que isso. Ela trouxe o repensar da educação como um todo. Aquela educação que foi estruturada na Revolução Industrial onde você oferece a mesma coisa para todo mundo, algo padronizado, o aluno aprende de uma maneira passiva e o pior uma prova que cabe em um gabarito e se cabe em um gabarito, cabe em um algoritmo. Então, esse formato de escola está sendo repensado e aí eu até diria que é o repensar a escola com uso de tecnologia. Não é o que a gente viu nesse último ano que é simplesmente a transferência da sala de aula presencial para a sala de aula à distância. Então, você abre uma plataforma e o professor continua dando exatamente aquela aula que estava dando mas agora em uma plataforma, em uma videoaula. O que a gente está falando é que o futuro vai ser um ensino híbrido, um ensino permeável, um ensino presencial e à distância e, por outro lado, síncrono e assíncrono, ou seja, tem momentos que o aluno vai estar ele com ele mesmo, seja presencial ou à distância e tem momentos que ele vai estar com o professor, momento de troca, momento, enfim, de discussão, de repensar. A escola, na verdade... você vai para a escola para desenvolver suas competências, explorar a curiosidade, a criatividade, poder prototipar, poder lidar com o erro de outra maneira. Aí o conteúdo não é fim, ele é meio. Então, é uma mudança bastante drástica que deve acontecer nos próximos anos. 

SBT News: Quais as grandes mudanças no mercado da educação? Sobre a formação de grandes grupos, você acha que é uma tendência esses grupos ficarem cada vez maiores? 

Daniel Castanho: A gente está passando por um processo de transformação muito grande da educação então, os desafios são muito grandes em relação à educação, o que as escolas precisam fazer, no que elas precisam investir. Você tem que de um lado ter a capacidade de ter uma empresa mais ágil pra poder prototipar, errar e fazer de novo que é o que as empresas estão demandando hoje. Do outro lado, uma visão de futuro, tem que ser "ambidestro". Porque a educação está passando por uma mudança enorme. O repensar da educação, reinventar, antecipar tendências. A universidade e a escola tem que ser aquele lugar de conseguir antecipar tendências da sociedade. Para conseguir fazer essas duas coisas, ainda com investimento em tecnologia, capacitação de professor, a educação passou a ser algo muito complexo. Temos instituições no Brasil que foram fundadas na década de 70 e estão em época de sucessão, tem uma gestão familiar ou a instituição é muito pequena pra conseguir fazer esse tipo de inovação, então, tem muitas instituições que estão preferindo "passar para quem vai tomar conta melhor", não é nem a questão de ser vendida ou não. É, de alguma maneira, estar integrado a algum grupo que consiga continuar aquele legado, aquela história, então está havendo realmente uma consolidação do setor da educação mas pelas complexidades que hoje se colocam entendendo o desafio que a gente tem da transformação da educação em um período muito curto de tempo. 

SBT News: Essa mudança é horizontal? Nessa época, dos anos 70, 80, as pessoas saíam do interior para estudar na capital. Hoje a pessoa tem condições de encontrar boas escolas, bons colégios e boas universidades em cidades do interior ou elas ainda tem que ir para grandes cidades? 

Daniel Castanho: Acho que a tecnologia vai trazer pra gente três grandes mudanças: a primeira é na metodologia, tornar a escola melhor. A segunda coisa é a análise de dados, pra você entender o que está funcionando e o que não está, pra conseguir personalizar a educação para que o aluno possa fazer as escolhas. A terceira é criar comunidade de aprendizagem. Por que nossos filhos tem que estudar e fazer grupos simplesmente com aquelas pessoas que estão na mesma sala de aula? Então, a escola vai "quebrar as paredes". Imagine que incrível um aluno de São Paulo, com um aluno de Cuiabá, um aluno de Recife e um de Porto Alegre estudando junto, fazendo um trabalho junto?! Então, a questão dessa integração e não mais pensar em sistema de ensino, sistema é fechado e ensino é o que você ensina. Isso vai migrar para ecossistema de aprendizagem, algo muito mais holístico e integrado e o foco não é o que o professor ensinou mas no que o aluno aprendeu. Com isso, a gente consegue elevar o nível de qualidade mesmo nas cidades que estão muito mais remotas, que tem poucas opções. A gente vai ver agora um grande salto e eu acredito que o grande salto que a gente poderia ter no Brasil é, quando nesse exemplo que eu dei, metade dos alunos forem de escola privada e metade de escola pública, aí a gente vai dar um grande salto, fazer uma grande revolução no país. 

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