Assédio: 77% das mulheres disseram sentir mais medo na pandemia
Mulheres declaram sentir mais insegurança em seus deslocamentos pela cidade, diz pesquisa
Com a pandemia de covid-19, além do medo de contrair o vírus, 77% das mulheres disseram sentir mais medo de sair de casa por questões relacionadas à segurança pessoal. É o que revela a pesquisa "Percepções sobre segurança das mulheres nos deslocamentos pela cidade", divulgada pelo Instituto Patrícia Galvão nesta 6ª feira (15.out).
De acordo com o estudo, 69% das mulheres já foram alvo de olhares insistentes e cantadas inconvenientes ao se deslocarem pela cidade, 35% já sofreram importunação/assédio sexual e 67% das mulheres negras relataram ter passado por situações de racismo quando estavam a pé.
Os transportes públicos foram considerados os meios de transporte mais inseguros para mulheres. Entre elas, 54% já sofreram importunação sexual no ônibus.
Além disso, relatam se sentir ainda mais desprotegidas em pontos de ônibus. Das entrevistadas, 51% classificaram esses espaços como "nada seguros".
Na avaliação de 72% dos entrevistados, sendo 77% das mulheres e 66% dos homens, "os espaços públicos são mais perigosos para mulheres do que para homens".
A situação, porém, não é tão diferente quando o cenário, em teoria, deveria ser mais acolhedor. As mulheres sentem medo mesmo quando estão perto de suas casas. Embora as ruas da vizinhança sejam percebidas como mais seguras do que a cidade, só 1/4 das entrevistadas disseram se sentir "muito seguras" perto de casa e 68% tem muito medo de sair sozinha à noite no bairro onde mora.
O relatório mostra ainda que, por causa da insegurança, a maioria das mulheres mudou hábitos e comportamentos e mais da metade declara ter sofrido abalo psicológico. Para driblar situações desagradáveis, as mulheres adotam medidas que comprometem sua autonomia, como mudar trajetos ou pedir para que alguém as esperem na porta de casa.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Patrícia Galvão e pelo Instituto Locomotiva, com apoio da empresa Uber e apoio técnico e institucional da ONU Mulheres. Participaram do estudo online 2.017 pessoas (1.194 mulheres e 823 homens), com 18 anos de idade ou mais, entre 30 de julho e 10 de agosto de 2021. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
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