Brasil soma mais de 780 mil casos de sífilis em 10 anos, diz pesquisa
Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia, subnotificação compromete políticas públicas
Entre 2010 e 2020, o Brasil registrou 783 mil casos de sífilis adquirida, número que mostra crescimento significativo da doença no país. Em 2010, por exemplo, foram contabilizadas 3.925 ocorrências da doença. Em 2020, a quantidade de doentes subiu para 152,9 mil. As informações foram levantadas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com base em dados do Ministério da Saúde.
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Segundo a pesquisa, entre janeiro de 2018 e junho de 2020, o Brasil acumulou mais de 360 mil casos de sífilis, uma doença sexualmente transmissível (DST). No entanto, a organização alerta que o quadro pode não retratar a realidade do país, já que a pandemia de covid-19 teve um impacto negativo na demanda por consultas e exames de prevenção.
Para os dermatologistas, são altas as chances de um quadro instalado de subnotificação, o que compromete as políticas públicas de enfrentamento da doença. Os últimos números disponibilizados pelo Ministério da Saúde, referentes ao intervalo de janeiro a junho de 2020, dão conta de 49 mil ocorrências de sífilis adquirida, o que corresponde a uma média de 8,2 mil casos registrados por mês.
Ainda de acordo com os dados da pasta, a infecção afeta, principalmente, a população masculina. Entre 2010 e 2020, dos quase 800 mil casos registrados, 59,8% eram homens, enquanto as mulheres representavam 40,2% das ocorrências. No entanto, mesmo com um percentual menor, o público feminino agrega um fator a mais de preocupação, pois muitas manifestam sintomas durante a gestação, com alto risco de contaminação dos recém-nascidos, dando origem à sífilis congênita.
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Para o vice-presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves, a alta prevalência da DST aparece também em âmbito internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, a sífilis se consolidou como um problema de saúde pública na última década. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 129.813 casos da doença foram notificados em 2019.
"Essa é uma tendência internacional e o Brasil faz parte do grupo de nações com números alarmantes. Por ser uma doença com evolução grave, até mesmo fatal se não tratada adequada e precocemente, é fundamental que médicos e autoridades públicas permaneçam em alerta, atuando em ações educativas de prevenção e apoiando as fases de diagnóstico e tratamento", avalia Gonçalves, em nota.