Petrobras foi contra ONS e desligou usina por risco "catastrófico"
Operador pediu que estatal deixasse termelétrica ligada, mas ação não foi cumprida por riscos
Em meio aos receios de apagão pela crise hídrica, o Operador Nacional do Sistema (ONS) pediu que a Petrobras mantivesse uma termelétrica ligada que precisava passar por manutenção. A estatal contrariou a recomendação e desligou a usina, pois constatou haver risco de "falha catastrófica" na estrutura.
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As informações foram obtidas em troca de comunicados entre a estatal, o ONS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e divulgadas em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo neste sábado (25.set).
Segundo a reportagem, o ONS teria rejeitado um pedido da Petrobras para pausa no serviço para manutenção nos aparelhos. O Operador pediu que a medida fosse adiada para uma data posterior, mas a estatal questionou a recomendação, e insistiu na pausa pela necessidade de reparo no sistema. Ainda assim o ONS pediu para continuidade das operações.
Apesar do pedido, a estatal fez a pausa para manutenção e justificou a decisão pelo risco de "falha catastrófica". À reportagem, a ONS justificou o pedido pela necessidade de produção de energia após diminuição do nível de reservatório das hidrelétricas. A prática, no entanto, tem testado limites estruturais de termelétricas.
Ao SBT News, a Petrobras afirmou que solicitações de "adiamento, postergação ou aprovação de paradas" fazem parte da rotina operacional com o ONS. "A Petrobras seguirá atendendo, sempre que possível, às necessidades do sistema, garantindo a segurança operacional de suas unidades", diz trecho de nota encaminhada pela estatal.
Em resposta ao SBT News, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informa que, como uma das ações para o enfrentamento da escassez hídrica, solicitou, em julho deste ano, a todas as usinas geradoras que ajustassem suas manutenções a fim de aumentar a disponibilidade de geração. No entanto, cabe a cada agente avaliar a viabilidade técnica e operacional de acatar a solicitação ou não. O Operador não é proprietário de nenhum ativo, mas tem o papel de coordenar centenas de geradores de energia. Dessa forma, essa comunicação é uma interação corriqueira, sendo a troca de mensagens, com pedidos e solicitações neste processo de programação e reprogramação das intervenções, prática diária entre o ONS e os agentes do Setor Elétrico. Essas solicitações podem ser acatadas, rejeitadas ou adaptadas pelos proprietários das usinas, conforme consta nos Procedimentos de Rede, que é uma rotina estabelecida, mesmo antes da crise hídrica. O ONS reforça que as suas solicitações são em busca da melhor solução para a operação e manutenção do suprimento de energia para a sociedade.