Estudo traça perfil de ultraconservadores; maioria é de classe média
Levantamento apontou que grupo é formado na maior parte por homens de 30 a 59 anos com ensino fundamental
Pesquisa feita pelo instituto Locomotiva traçou um perfil dos brasileiros que se consideram ultraconservadores -- grupo estimado em 6,4 milhões de adultos. O levantamento ouviu 2.420 pessoas em 71 cidades, entre 15 e 22 de julho deste ano. A margem de erro é de 1,9 ponto percentual.
Para classificar os entrevistados como ultraconservadores, o instituto apresentou três frases: "O estado brasileiro deve ser cristão", "mais pessoas deveriam ter acesso ao porte de armas" e "mulheres são melhores para realizar tarefas domésticas". Apenas seria enquadrado como ultraconservador quem concordasse com todas as afirmações.
Segundo o estudo, a maior parte dos ultraconservadores (52%) pertence à classe C. O restante está dividido entre as classes AB (31%) e DE (18%). Os homens são maioria (60%), bem como pessoas na faixa de 30 a 59 anos (65%), com nível de escolaridade fundamental (43%). Geograficamente, o grupo tem mais representantes no Sudeste (32%), seguido do Norte (22%). Quase a totalidade (96%) é de religiosos.
No espectro político, metade dos ultraconservadores se considera de direita, 17% de esquerda, 5% de centro e 28% não souberam se classificar. O instituto ainda apresentou ideias como "casais do mesmo sexo não devem tero direito de se casar", "cotas para negros nas universidades prejudicam a sociedade" e "a polícia precisa ser violenta no combate ao crime". Os percentuais de concordância entre os ultraconservadores foram, respectivamente, 70%, 63% e 61%. Entre os integrantes do grupo, 65% não confiam nas urnas eletrônicas, 43% acreditam que os militares fizeram uma revolução boa para o Brasil em 1964 e 67% creem que a Bíblia tem a receita completa do que é certo e do que é errado.