Produção de veículos novos cai 22% por falta de componentes eletrônicos
Locadoras de carros já sentem as consequências e não conseguem ampliar os negócios
A produção de veículos novos caiu 22% em comparação com agosto do ano passado. A principal razão é a falta de componentes eletrônicos, que já afeta outros setores como, por exemplo, as locadoras de carros que não conseguem amplicar os negócios.
O diretor-executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Marcelo Franciulli, explica que a pandemia e o home office contribuíram para a baixa de componentes eletrônicos no mercado. "Microchips, microprocessadores e semicondutores são produzidos na Ásia e na Europa. A demanda mundial por esses equipamentos, que acabam sendo os mesmos componentes dos eletroeletronicos, computadores, tablets, celulares, aumentou drasticamente com a pandemia", conta.
Locadoras de veículos, tradicionalmente, compravam as peças diretamente das montadoras com descontos que chegavam a 30%. Com a crise, elas passaram a adquirir os carros com as concessionárias, ainda que pagando mais caro. Outra alternativa é comprar veículos seminovos com baixa quilometragem.
A Associação Brasileira das Locadoras de Veículos (ABLA) tinha a previsão de adquirir 800 mil carros 0 km este ano. Hoje, a estimativa é de no máximo 380 mil. De acordo com presidente da associação, Miguel Junio, as consequências só devem ser superaradas em 2023.
"Em cima do que as locadoras têm, elas continuam trabalhando e atendendo, mas a gente não tem a possibilidade de ampliar os negócios e, talvez, um aumento de custo em manutenção, porque os veículos começam a ficar um pouco mais velhos, usados, e isso dá um custo de manutenção", explica.
No entanto, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mesmo com a baixa oferta para tanta demanda, os preços dos automóveis e comerciais leves cresceram em média 8,3% nos últimos 12 meses.