Racionamento de água afeta mais de 1 milhão de pessoas em SP
Em cidade do interior do estado, prefeitura está multando quem for pego desperdiçando
Sem chuvas volumosas há 90 dias, o racionamento de água já é uma realidade para mais de 1 milhão de pessoas no interior de São Paulo. Cortes no abastecimento são registrados em 16 municípios. Em Salto, a população corre para comprar caixas d'água.
A cidade enfrenta o racionamento há 30 dias e resolveu intensificar ainda mais as regras do rodízio. Na casa do vendedor Aílton Dantas, agora, só tem água na torneia dia sim, dia não. "Chegando água a gente tem que agilizar aí né. Lavar meio que rapidão, porque se acabar de novo, aí fica para o dia seguinte", relata.
A prefeitura está multando quem for pego desperdiçando. Segundo a aposentada Madalena Travasso, o "banho tem que ser rápido. Não pode ficar demorando lá dentro do banheiro, não". A estiagem no interior de São Paulo é a pior dos últimos 100 anos. No início de agosto, apenas seis cidades haviam adotado o racionamento. Já no Paraná, 18 municípios, incluindo alguns da região metropolitana de Curitiba, já fazem o rodízio. Assim como duas cidades em Minas Gerais.
Em Mato Grosso do Sul, o alerta é para a falta de água em 24 cidades. Além de economizar, o que muita gente tem feito é buscado aumentar a capacidade de armazenar água em casa ou no trabalho e, no improviso, serve tudo, desde balde, bacias, tambores e até galões enormes. Isso quando tem água para abastecer.
A venda de caixas d'água disparou em várias cidades. Nos últimos dois meses, uma rede que atende Salto e Itu, em São Paulo, vendeu quase 300% mais do que no mesmo período de 2020. "Nós tivemos num dia 120 peças vendidas. Num dia só", fala o comerciante Joel Telese. O Ribeirão Piraí, responsável pelo fornecimento de 80% de Salto, está 90 centímetros abaixo do nível normal. A estiagem histórica é um problema, mas a falta de investimentos também.
"O último investimento no Piraí foi em 2014, que foi o desassoreamento do ribeirão. De lá para cá, não foi feito nada para melhorar o manancial, o fornecimento de água bruta para a cidade. Então a gente vem com essa falta de investimentos somado ao número de domicílios que aumentou na cidade. De 2014 para cá, aumentamos 27 mil novas ligações de água e esgoto", afirmou Alison Henrique Bressiano, superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Salto.
Água limpa e cristalina abundante todos os dias, só mesmo na fonte da cidade. Porque a que corre bem ao lado, no Rio Tietê, não dá para aproveitar.
Veja reportagem do SBT Brasil: