Amazônia: fogo afetou 90% das espécies de animais e plantas, diz estudo
Incêndios impactaram de 103.079 a 189.755 km² da floresta entre 2001 e 2019
O número de espécies de plantas terrestres e animais vertebrados da Amazônia impactadas por incêndios em algum momento, entre 2001 e 2019, pode ser de até 13.608 a 13.931, o que corresponde a 93,3% e 95,5% do total, respectivamente, segundo um estudo publicado nesta 4ª feira (1º.set) na revista científica Nature. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade do Arizona -- dos Estados Unidos --, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), apoiados pelo Instituto Serrapilheira.
No período analisado, diz o estudo, de 103.079 a 189.755 km² (2,2%-4,1%) da floresta amazônica foram afetados pelo fogo, "potencialmente impactando nas faixas de 77,3% a 85,2% das espécies que são consideradas ameaçadas nesta região". Para chegar aos resultados, foi feita a sobreposição de imagens de satélites, que mostram os incêndios, em mapas de extensão de 14.593 espécies - sendo 11.514 plantas e 3.079 animais.
Ainda de acordo com os pesquisadores, dentre aquelas ameaçadas de extinção que sofreram impactos das chamas, estão 236 das 264 de plantas listadas pelo União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), 83 das 85 de pássaros, 53 das 55 de mamíferos, 5 das 9 de répteis e 95 das 107 de anfíbios.
O estudo acrescenta que "a quantidade de área florestal recentemente impactada pelo fogo no Brasil pode ser correlacionada a três regimes de política distintos". O primeiro é o de pré-regulamentação, observado de 2001 a 2008; nele a área impactada por incêndios foi maior. O segundo é o de regulação, entre 2009 e 2018. E o terceiro configura um relaxamento da aplicação dessas medidas a partir de 2019, quando a área mapeada de incêndios registrou crescimento.
No ano, cerca de 4.253 a 10.343 km² da Amazônia foram afetados pelo fogo, contribuindo, nas palavras dos pesquisadores, "para alguns dos impactos potenciais mais graves sobre a biodiversidade desde 2009". Eles alertam também que "a perda de cobertura florestal - suficientemente extensa - pode resultar em mudanças no clima local que, por sua vez, podem afetar as funções dos climas e dos ecossistemas em todo o globo por meio de teleconexões ecoclimáticas".
Confira o estudo na íntegra:
Como a desregulamentação, a seca e o aumento do fogo impactam a biodiversidade amazônica by Guilherme Delinardi Resck on Scribd
Veja reportagem do SBT Brasil:
