66% das mulheres assassinadas no Brasil em 2019 eram negras

Cerca de 66% das mulheres assassinadas em 2019 eram negras, de acordo com o Atlas da Violência, divulgado nesta 3ª feira (31.ago). A pesquisa mostra que, ao todo, foram 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil em 2019. Dentre estas, 2.468 mulheres negras e 1.196 vítimas não negras. 

Um outro dado que chama a atenção é o caso de Alagoas, onde das 90 vítimas de homicídios femininos registrados em 2019, sem contar uma das vítimas sem identificação de cor/raça, eram negras. No total, 22 estados e o Distrito Federal apresentaram taxas superiores a 50% no homicídio de mulheres negras se comparado ao de mulheres não negras. 

Os dados mostram ainda que em 2009, a taxa de mortalidade de mulheres negras era 48,5% superior à de mulheres não negras. Onze anos depois, a taxa de mortalidade de mulheres negras é 65,8% superior à de não negras. O número de homicídios diminuiu, como já explicado anteriormente, mas a desigualdade racial não teve interferência e chegou até a aumentar. 

Essas discrepância entre o número de mulheres negras e de não negras é causado pelo fato da maioria das mulheres negras estarem em situação de maior vulnerabilidade em todos os âmbitos sociais, como levanta a pesquisa. Além disso, um outro motivo é que elas estão desproporcionalmente expostas a outros fatores geradores de violência, como desigualdades socioeconômicas, conflitos familiares, racismo, intolerância religiosa, conflitos conjugais, entre outros, como destaca o Atlas da Violência. Para os pesquisadores, o desenvolvimento de políticas públicas não deve deixar de lado o racismo e a discriminação e como estes fatores afetam desigualmente as mulheres.

O Atlas da Violência foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Economia, e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Neste ano, a introdução do texto trouxe o contexto da deterioração de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) com bases nos atestados de óbito, ambos do Ministério da Saúde. Esse fato ocasionou a redução do número de homicídios de mulheres registrados em 2019 e cerca de 2 mil casos de assassinato de mulheres podem não ter sido computados.

Veja reportagem do SBT Brasil: