Cirurgião gaúcho acusado de violência sexual é indiciado por 6 crimes
Mais de 120 mulheres alegaram sofrer abuso do médico, que está preso desde 16 de julho
A polícia gaúcha entregou à Justiça nesta 5ª feira (12.ago) 10 inquéritos sobre o cirurgião plástico acusado de violência sexual contra pacientes. Klaus Brodbeck, de 53 anos, está preso desde 16 de julho e será indiciado por seis crimes, envolvendo 21 vítimas moradoras de Porto Alegre. Outros 27 casos de outras cidades e estados serão investigados pelas polícias locais. Klaus vai responder por estupro, estupro de vulnerável, assédio sexual, violação sexual mediante fraude, importunação sexual e coação. A namorada dele, Amanda Vasconcelos, de 25 anos, será indiciada por coação e ameaça. Ela usou redes sociais para intimidar as mulheres que procuravam a polícia. Amanda responde em liberdade.
Segundo a delegada Jeiselaure de Souza, o médico tinha um padrão de conduta que ficou comprovado com as perícias psíquicas realizadas pelo Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul. Ela esclarece que, desde a operação policial realizada na casa do médico, em 13 de julho, foram identificadas 127 vítimas de violência sexual praticada no consultório do cirurgião. Quarenta e sete já prescreveram, mas os relatos farão parte do inquérito.
O SBT ouviu no último mês mais de 10 mulheres que relataram casos de assédio e abuso. Uma delas tinha somente 14 anos, em 2001, quando foi vítima de Klaus antes de uma cirurgia plástica.
O cirurgião ainda é alvo de uma série de ações judiciais por erro médico. Ele é conhecido nas redes sociais por aplicar o PMMA, uma substância usada para preenchimentos estéticos que, apesar de ter registro na Anvisa, não é recomendada pela Sociedade de Cirurgia Plástica. Depois da divulgação da prisão do especialista, várias vítimas também registraram ocorrências na polícia por lesões decorrentes de erro médico.
No Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) já foram abertos 23 processos contra ele nos últimos anos. Klaus chegou a ser cassado por um caso de abuso contra menor, mas acabou absolvido pelo Conselho Federal de Medicina. O Cremers informou que uma nova investigação foi encaminhada à corregedoria da entidade.
Em nota, o advogado Diego da Silveira Cabral disse que, sobre o processo de estupro de vulnerável, o inquérito foi finalizado com resultado negativo, já que o sêmen encontrado na suposta vítima era do companheiro dela. A defesa ressalta ainda que uma das supostas vítimas é uma pessoa que teve um relacionamento amoroso com o médico e que teria tentado extorqui-lo, com a ajuda de um presidiário. A defesa disse ainda que é muito duvidoso que Klaus tenha abusado de mulheres que continuaram frequentando o consultório e que existe um grupo de mulheres no Instagram e Whatsapp que combinaram os depoimentos. O advogado falou por fim que Klaus nega qualquer delito. Sobre Amanda, o advogado alega que a intenção dela era preservar Klaus.