Inquérito da PF citado por Bolsonaro investiga hackers a pedido do TSE
Investigação é usada pelo presidente para turbinar discurso de fraude, mas apuração não aponta isso
A Polícia Federal segue investigando quem foram os responsáveis por ataques cibernéticos às máquinas virtuais do Tribunal Regional da Paraíba, Rio Grande do Norte e da Bahia, meses antes das eleições de 2018. Em abril deste ano, o delegado Victor Neves Feitosa Campo pediu à empresa de telefonia e internet, TIM, dados cadastrais e financeiros dos responsáveis por nove endereços de IP, que é o que identifica as redes móveis de internet. Foram desses endereços que saíram os comandos para uma série de invasões ao sistema da Justiça Eleitoral. A investigação é usada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para turbinar discurso de fraude nas eleições, mas apuração não aponta isso.
A PF busca essas informações para rastrear a ação dos criminosos. Não, necessariamente, eles são os responsáveis pelos ataques, no entanto, podem ajudar os agentes federais na investigação. O presidente Jair Bolsonaro citou o inquérito da PF na noite desta 4ª feira (4.ago) em entrevista à Rádio Jovem Pan. Bolsonaro sustentou que a investigação apura fraude nas eleições de 2018, porque hackers tiveram acesso ao código-fonte das urnas. Essa informação que o presidente cita já é pública, partidos políticas tem acesso aos dados antes da eleição e a invasão no sistema não altera a votação.
O relatório da investigação tem mais de 200 páginas. O inquérito foi aberto a pedido da ministra Rosa Weber, que em 2018 presidia o Tribunal Superior Eleitoral. A corte relatou à polícia que hackers tiveram acesso a dados sigilosos do TSE. À época, foi aberta sindicância interna no tribunal. O TSE adotou uma série de medidas de segurança logo depois que identificou o ataque. Entre essas medidas, está a troca de senhas de 1400 contas de servidores do tribunal.