"Terceira via só existe se tiver conexão com a rua", diz Luciano Huck

O apresentador e empresário Luciano Huck afirmou que a possibilidade de uma terceira via na política brasileira só se será possível a partir da conexão com a rua. "Não vai ser pelas redes", disse ele, que participou de uma debate do grupo Parlatório na noite deste domingo (27.jun).

Para Huck, para falar com as ruas é preciso traduzir os problemas do Estado. "Ou vai ser assim ou ficaremos distantes da rua, temos de simplificar a mensagem. Não existe projeto de país, ter um projeto de Nação, ouvir as pessoas com humildade, para o bem do país", disse o apresentador.

O grupo Parlatório, que reúne formadores de opinião, realizou uma live para abordar ideias e caminhos para fortalecer os principais pilares de sustenção do Brasil: educação, saúde, relações internacionais, meio ambiente, reformas estruturais, política monetária e econômica, entre outros.

Fazem parte do grupo ex-ministros como Luiz Henrique Mandetta, Joaquim Levy, Luiz Furlan, empresários de vários setores como Luiza Trajano, Abílio Diniz, Joge Gerdau, ex-presidentes da República como Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, além de médicos, juristas, sociólogos, cientistas e economistas.

Huck disse que a democracia está em risco no Brasil em resposta ao ex-ministro Mandetta.

"A desinformação vem sendo usada de maneira deliberada, como um modo de governar. Um exemplo foi propagandear a subnotificação de mortes da covid, colocando como endosso o TCU (Tribunal de Contas da União)", disse.

O apresentador lamentou a mistura entre militares e governo. "Houve um esforço enorme para as Forças Armadas se conectarem à sociedade, eu vivi isso, acompanhando projetos. Eles são lideranças democráticas", afirmou Huck. "É um momento delicado, um golpe cupim, correndo as instituições por dentro."

"Não saio mais do debate público, sei do meu papel nesse trabalho, nas eleições do ano que vem. Vou fortalecer o debate, envolvendo o maior número de lideranças", disse Huck, que no último dia 16.jun anunciou oficialmente que não vai disputar a campanha eleitoral de 2022.

Huck disse sentir vergonha de o país neste momento não liderar uma agenda global, por exemplo, na área ambiental. "Temos uma chancelaria importante, forte, mas que nesse governo foi escancaradamente jogada para o corner (escanteio)", afirmou o apresentador, que criticou também o estímulo ao armamento.

A responder uma pergunta do ex-presidente Fernando Henrique, o apresentador disse que defende os partidos. "Não existe política sem partidos, é a forma de você conectar pessoas, mesmo que seja embaixo de uma sigla. "Mas precisa mudar o modelo, incluir as pessoas, as pessoas das comunidades."

Huck critricou a gestão do presidente Jair Bolsonaro. "Vivemos um desgoverno, uma incopetência na crise sanitária", lamentou o apresentador, que disse que é preciso ter um projeto pós-pandemia. "Mesmo com todos os problemas, temos pessoas querendo investir no Brasil, é possível."

Segundo o apresentador, há um ataque à democracia -"sem nenhuma liturgia ao cargo de presidente da República"- e se disse preocupado com as eleições de 2022. "Precisamos reconstruir um governo de transição, não há arranjo perfeito, é preciso fazer concessões, dialogar com quem pensa diferente."

Assista o debate: