Justiça revoga prisão de suspeitos de envolvimento em exploração sexual
De acordo com a decisão, ainda não há provas suficientes contra os investigados
A Justiça revogou, nesta 6ª feira (7.mai), a prisão de cinco suspeitos de envolvimento no esquema de exploração sexual de brasileiras, que envolvia empresários e famosos. Até o momento, mais de 30 pessoas foram convocadas para prestar esclarecimentos na Polícia Federal (PF).
Em depoimento à Justiça, o empresário Rodrigo Otávio Cotait, apontado pelas investigações como o chefe de uma rede internacional de prostituição, afirmou ter "ótimos antecedentes" criminais e pertencer a uma "família boa e tradicional". "Eu sou empresário e tenho grau superior. Pertenço à igreja e presto serviços comunitários", disse às autoridades.
No entanto, nas redes sociais o empresário exibe uma vida contrária àquela que foi citada durante o depoimento. Na internet, Cotait compartilha fotos com mulheres jovens e bonitas e, segundo a Polícia Federal, é através do mundo virtual que ele as agencia e as trata como mercadorias.
Os detalhes da apuração, divulgadas com exclusividade pelo Jornalismo do SBT, revelam que modelos brasileiras eram aliciadas com a proposta de ganhar dinheiro no exterior. Entretanto, as jovens precisavam visitar o apartamento do empresário e ter relações sexuais com ele.
"Eu tentei sair, mas ele me segurou lá. Ele disse: 'Como eu vou te mandar para os meus clientes sem saber como você faz?'", disse uma das jovens, que prefere não ser identificada. Após a "avaliação" de Cotait, as vítimas eram enviadas ao Catar, país no Oriente Médio, onde a prostituição é proibida.
Ainda segundo as investigações, algumas mulheres foram obrigadas pelo governo do Catar a retornar ao Brasil. "Foi muito constrangedor quando eu fui deportada. Os caras lá te tratam como um objeto, um lixo. Eles te usam, te tratam mal e jogam fora", disse uma das vítimas.
O empresário também não atuava sozinho. De acordo com a polícia, Maria Fátima de Castro, organizadora de concursos de beleza, e um cirurgião peruano, estão entre os parceiros do esquema criminoso. "O ideal seria as meninas que estão começando com você. Que você pegasse um garimpo, interior, sabe? Novinha, 18 ou 19 anos, que não está formada. É para passar 15 dias ou um mês lá. Se eu aprovar uma menina dessa numa viagem de 15 dias, só de comissão, eu e você, a gente divide R$ 70 mil", disse Cotait à organizadora durante uma troca de mensagens.
Decisão da Justiça
O desembargador federal, Paulo Fontes, revogou as prisões preventivas de Rodrigo Cotait, Maria de Fátima e de outros três suspeitos. O argumento foi que a investigação ainda está no início e não há provas suficientes de que eles cometeram exploração sexual. Até o momento, 30 pessoas prestaram depoimento à polícia.
Para o delegado Rogério Giampaoli, a previsão é de que a liberdade dos investigados será revertida nos próximos dias. "A gente pretende reforçar as provas de que eles vinham praticando, atualmente, vários delitos. Dentre eles, a exploração sexual de mulheres", ressaltou.
O empresário alega inocência. "Eu não me considero um fora da lei, um bandido. Acho um exagero o que foi feito comigo, essa é a minha opinião".
Assista à reportagem completa do SBT Brasil: